CARTA ABERTA AO “COLEGA” KARNAL

Prezado:

Antes de mais nada, devo dizer que não lhe desejo mal e nem vou integrar a multidão de “aldeões com tochas” que ora se forma para lhe tomar satisfações senão pelo seu rol de amizades, ao menos pela divulgação de uma eventual parceria com gente profundamente indigesta.

Peço encarecidamente que me desculpe o atrevimento de chamá-lo de colega, afinal, eu sou pouco mais que uma dona de casa com uma caixinha bem sortida de diplomas e certificados guardada na biblioteca, cujo trabalho na área de História não alcançou a excelência suficiente para que possa ombrear consigo pelos corredores acadêmicos.

De acordo com o projeto de reconhecimento da nossa profissão, mesmo com toda a minha dedicação, ainda assim jamais poderei intitular-me historiadora ou sequer professora, uma vez que não tenho o abrigo de uma grande instituição de ensino que responda por mim e por meu trabalho.

Tudo o que tenho é meu nome, um cérebro de segunda (mas que está tinindo ainda) e um par de braços bastante robustos que jamais tiveram receio do trabalho. Também tenho uma vida dedicada a defender os ideais que visam transformar a humanidade em melhores “companheiros de viagem”.

Isso mesmo, eu sou comunista desde criancinha e já lhe vi várias vezes fazendo troça ironicamente daqueles que acreditam em utopias e que tomam partido na política, nos meios acadêmicos e na vida. Já lhe vi, também, todo prosa defendendo a “neutralidade” que se acredita acima do bem e do mal, como se isso fosse possível na vida real e no mundo concreto.

Admiro sua erudição adquirida em uma vida resguardada, em que os estudos somente lhe exigiram sacrifícios intelectuais e não físicos e pessoais. Admiro sua realização pessoal e profissional em um mundo em que a “meritocracia” lhe reservou as oportunidades que são negadas a tantos de nós.

Não lhe invejo e digo isso com toda sinceridade porque, dentro do que me propus na vida, sou uma pessoa extremamente bem realizada, sem dinheiro, mas muito feliz com minhas conquistas simplezinhas de mulher.

Não lhe invejo porque a celebridade sempre tem implícito o momento da queda e do escárnio e, do mesmo jeito que não desejo isso para nenhum de meus amigos ou desafetos, também não lhe desejo o mau bocado que está prestes a passar por conta da foto publicada em sua rede social.

A neutralidade que se considera acima do bem e do mal é como a mulher de César, que não basta ser honesta, tem que parecer honesta. Quando se escolhe uma posição de vestal em relação à política partidária, posar ao lado deste ou daquele expoente (de qualquer dos lados) é um luxo proibido. Quanto mais tecer encômios de amizade a indivíduos diretamente responsáveis pelo descalabro golpista em que se encontra nosso país.

Hoje, ao abrir meu Facebook voltando da caminhada matutina, deparei-me com choro e ranger de dentes, comentários apocalípticos daqueles que correm para descurtir sua página e gente augurando sua derrocada do mundo das celebridades intelectuais.

E fico pensando que, embora eu não tenha simpatia por suas escolhas políticas e suas posturas seletivas, ainda assim respeito-o pelas suas capacidades intelectuais, que são visíveis. E não me parece correto que o trabalho de qualquer professor seja avaliado apenas a partir de indicativos tão rasos como “amizades” ou “posturas públicas”.

A indignação de uma centena de meus amigos de Facebook não ameaça seu lugar na UNICAMP e muito menos vai se refletir em um prejuízo para sua obra no mercado editorial ou na procura por suas palestras, verdade seja dita. Meu medo é dos que vão passar a lhe elogiar a partir dessa foto.

Afinal, seu amigo em questão, consegue empolgar e arrastar o que há de pior em termos de proto-fascistas, ignorantes, misóginos, racistas e xenófobos, em uma procissão digna de perecer na Nau dos Insensatos. E esse tipo de pessoa vai curtir sua página por conta da foto e vai cobrar que suas postagens sejam de acordo e, quando não forem, certamente não vão ter a elegância e a largueza para apreciar a divergência. Temo por sua sanidade tendo que lidar com o ódio que esse naipe de indivíduos é capaz de veicular, mediante o assassínio da civilidade e da língua pátria.

E digo mais, eu o respeito mais agora quando visivelmente escolheu um lado, do que quando se pavoneava troçando do resto de nós refugiando-se em um humanismo renascentista patético e anacrônico.

Bem-vindo ao mundo real e receba minhas cordiais saudações daqui do chão da História,

abraços,

Anna.

104 comentários sobre “CARTA ABERTA AO “COLEGA” KARNAL

      • Encantada com a sua manifestação! Palavras adequadas e consistentes, dirigidas a um cidadão que agora se mostra bastante distante do bem senso que sonhamos que todo brasileiro possua.

      • Oi Anna, obrigada pelo texto, é tudo o que eu queria dizer. Como faço pra te seguir ou me inscrever na tua página? Adoraria ler a resposta dele, se é que ele tem coragem de tentar. abraço e obrigada.

      • Oi Márcia, eu sou meio lerda com estas modernidades, mas creio que dá para seguir o blog, em algum lugar deve ter como se inscrever. 🙂 Eu tenho um canal no YouTube, onde postei mais de uma centena de vídeos com questões históricas e historiográficas, está no meu nome Anna Gicelle Garcia Alaniz. E também tenho uma página no Facebook chamada Cantinho da História 🙂

  1. Anna! Foste singela, e neste ato conseguiste pincelar riqueza e pobreza de um novelo que se desenrola. Tua sutileza apontou rachaduras na máscara que caiu deste Karnalval!
    Muita Felicidade pra ti.
    Jairo

  2. Puta que pariu!!!!
    Não poderia ser mais elegante, eu já tinha comentado com minha companheira, a ida dele, prefiro não dizer o nome, para fazer um quadro na Band, que achava muito estranho um canal de TV, que em parceria com a Globo, derrubou a presidente Dilma, ter contratado-o.
    Preferir aguardar para que o tempo mostrasse a sua verdadeira face. E não demorou. A foto diz tudo.
    Parabéns pela linda carta.

  3. Os fãs de Leandro Karnal, os ditos “esquerdistas” estão atômicos com a foto que movimentou as redes sociais, em janta entre Moro e Karnal.
    Vejam só, não se vende filosofia em pílulas, é preciso ler, refletir e estudar muito, fora isso, é pura picaretagem, portanto, qual a surpresa nisso?
    Essa foto foi uma manobra para transferência de popularidade. Moro ganha o selo “Karnal de inteligência”, entre o público, predominantemente de esquerda do filósofo, enquanto, Karnal se livra da pecha de “esquerdopata” imputada pela direita coxinha. Que trabalho dá?
    Em um país onde a Democracia é avacalhada e um STF acovardado, nada me surpreende. Disto, estou “Careca de saber”.

  4. Fez voz e escrita daqueles que de certa forma “já desconfiava”…não basta ser honesto, tem que parecer honesto.

  5. “Tentei mostrar que as nossas decisões sobre o certo e o errado vão depender de nossa escolha da companhia, daqueles com quem desejamos passar a nossa vida. Uma vez mais, essa companhia é escolhida ao pensarmos em exemplos, em exemplos de pessoas mortas ou vivas, reais ou fictícias, e em exemplos de incidentes passados ou presentes. No caso improvável de que alguém venha nos dizer que preferiria o Barba Azul por companhia, tomando-o assim como seu exemplo, a única coisa que poderíamos fazer é nos assegurarmos de que ele jamais chegasse perto de nós. Mas receio que seja muito maior a probabilidade de que alguém venha nos dizer que não se importa com a questão e que qualquer companhia lhe será satisfatória. Em termos morais e até políticos, essa indiferença, embora bastante comum, é o maior perigo” (ARENDT, Hannah. Responsabilidade e julgamento, p. 212).

  6. Esta senhora se diz comunista. Mas, desfruta da liberdade de se expressar e opinar, coisa que jamais teria em tal regime. Rotula de proto-fascistas (?!) os admiradores de um juiz que apenas exerce a sua profissão, com dignidade e competência. Fataram os jargões de sempre, com vômitos de mortadela: “golpistas, não passarao!”; “fora, Temer!”. A Sra é incrível, na sua obviedade.

    • Caro senhor, admita a sua incapacidade de reconhecer numa mulher, aparentemente, uma simples dona de casa, tanto talento e capacidade reflexiva e crítica. Não me recordo dela se posicionando partidariamente, porém, se o fizesse, estaria exercendo sua cidadania. O senhor é incrível, em seu machismo. Boa tarde.

    • existe vários sistemas comunistas no mundo e nem todos são iguais,ser comunista é defender o certo,o pobre,o humilde,o doente,o faminto,o miserável,é ter piedade de seu próximo…ser comunista é tentar entender que todo ser precisa sobreviver!!!

  7. Faço parte dos “promo fascistas” ignorantes? Será que eu? Que quero que devolvam para os cofres públicos, o nosso dinheiro? É muito idiota ler, sem querer já que “apareceu” no meu Facebook, este “carta”…eu votava no PT já que sou uma simples trabalhadora, trabalhei na roça e queria um Brasil, terra tão rica, melhor para meus filhos. EU confiei no Lula e ele me recepcionou quando decidiu agir como os outros políticos, ou até pior. A ganância foi maior que qualquer ideal. Hoje eu confio mais no Juiz Sérgio Moro, além de achar que ele está fazendo somente o trabalho dele, e vou para as ruas gritar e pedir justiça. ..então… sejamos inteligentes e coerentes.

    • Marlene. Deixe de assistir a Globo, e ler a revista Veja. Você está se deixando imbecilizar pela mida calhorda e corrupta.

  8. Não tenho certeza, mas tenho “convicção” que a estratégia dele foi falar de ética e moral, formar e fortalecer sua propria imagem neste nefasto momento que Brasil encontra-se, para ser “convidado” a sentar-se ao lado dos que representam o pior para a sociedade. Como se dizia antigamente cada um tem seu preço, uma lástima.

  9. Deu um tapinha no Karnal com luvas de pelica !!! Acho que a “inteligencia” dele näo vai permitir entender sua carta !!!
    Muito bom o que voce escreveu !!!

  10. Mais uma comunistoide incompreendida; tadinha…
    Não deu certo né?
    Agora para sobreviver tem que destruir seus pares que descobriram o lado da luz.
    Faça o mesmo; vem ser coxinha você também, vem!

  11. Quantas asneiras, um simples jantar e toda esta celeuma. O autor ofende quem pensa contrariamente a sua ideologia, portanto, quem é facista? Triste a meu ver seria o Professor sentar a uma mesa acompanhado de Genoíno, Cabral, Lula, Dilma, Aécio, Renan, Cunha, Dirceu, FHC, etc….

  12. Talvez eu seja muito ingênuo ou não tenha a altivez necessária para compreender o desenvolvimento das questões que nos envolvem político e socialmente… Tudo acontecendo fugazmente -se é que existe essa palavra- e, de certa forma, superficialmente, mas sem dúvidas, com resultados devastadores e substancialmente dolorosos para nós. Diante disso me ponho a pensar: as imagens realmente dizem mais que as palavras? Não sei. Mas, talvez seja essa a dinâmica da “Pós Modernidade” não permitir ponderações… As respostas devem estar prontas antes que venham as perguntas… Acho que é isso. E, diante disso, o Caos.

  13. Lendo Karnal, mesmo meio desconfiado de tua cagação de regras durante estes últimos anos, mas esperançoso que vc poderia ser mais um contra tudo de ruim que acontece neste páis, só me resta a dizer
    o seguinte: vai pra PQP.

  14. Obrigada Ana, me tirou um peso imenso dos ombros, por que no primeiro momento me veio o gosto de feu na boca, era tudo somente veneno, uma vontade irracional de crucificar e cobrar a confiança que a figura a mim conquistou com os conhecimentos e palavras eruditas do farsante. Me contive, esperei minha raiva passar, um pouco depois, conversando com meu marido ele me observou que eu já havia tecido breves comentários desconfiando de tanto estrelismo, aparecendo em todos os canais de comunicação como o grande conselheiro, sábio, conhecedor e juiz. Vida Longa Ana para vermos esse império ruir, como todos os outros da História da humanidade.

  15. Não chego a ser fã de carteirinha de Karnal mas, aprendo muito com as palestras disponibilizadas na internet. Considerações que me fazem refletir e que, de resto, me livram de alguns sensos comuns e juízos de valor. Nunca assisti a nenhuma que traga um conteúdo dizendo ser ele um esquerdista. Evidentemente, quando ele nos faz lembrar que a corrupção não é fruto de um só partido, ou que tece considerações caindo de porrada pra cima de Moro, Temer e seus capachos podemos sim, intuir ser ele um “homem de esquerda”. Mas não é isso que intuo. Ele não é e nem nunca disse que é. Postar ele mesmo a foto foi interessante e coerente com seus atos. E ao fazê-lo isso em nada diminui o que aprendo em suas palestras disponibilizadas na internet. Cabe a mim, única e exclusivamente não buscar nele e em nenhum outro um herói para me representar, para dizer o que entendo precisa ser dito. Karnal não é um partido político. Nada sabemos das circunstâncias que cercaram aquele encontro. Foi por demais frustante vê-lo ali mas, não menos interessante da parte de alguém que desancou Moro como ele o fez e, ainda assim, se confessar amigo. Não sei. Não sei. Nenhum gesto em Karnal é gratuito. Não aprenderia nada com ele, se assim fosse. Na carta em comento destaco dois parágrafos:
    “Isso mesmo, eu sou comunista desde criancinha e já lhe vi várias vezes fazendo troça ironicamente daqueles que acreditam em utopias e que tomam partido na política, nos meios acadêmicos e na vida. Já lhe vi, também, todo prosa defendendo a “neutralidade” que se acredita acima do bem e do mal, como se isso fosse possível na vida real e no mundo concreto.”
    “E fico pensando que, embora eu não tenha simpatia por suas escolhas políticas e suas posturas seletivas, ainda assim respeito-o pelas suas capacidades intelectuais, que são visíveis. E não me parece correto que o trabalho de qualquer professor seja avaliado apenas a partir de indicativos tão rasos como “amizades” ou “posturas públicas”.”

    E fecho meus comentário com uma frase lapidar da professora: “Meu medo é dos que vão passar a lhe elogiar a partir dessa foto.” Aqui a senhora resumiu todo o meu medo. Um abraço fraterno do lado de cá.

  16. ★RETORNO A LACAN★

    ‘KARNALHA’ E A NATURALIZAÇÃO DO GOLPE (*)

    (*) Texto de KIKO NOGUEIRA. Editor da página DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO (DCM).

    A esquerda que tinha LEANDRO KARNAL em alta conta está em convulsão por causa da foto que o professor postou no Facebook.

    Na legenda: “Dia intenso em Curitiba. Encerro com um jantar com dois bons amigos: juiz Furlan e juiz Sergio Moro. Talvez não faça sentido para alguns. O mundo não é linear. A noite e os vinhos foram ótimos. Amo ouvir gente inteligente. Discutimos possibilidades de projetos em comum.”

    (ANDERSON FURLAN, o anônimo do grupo, é amigo de juventude de Moro e revisor de seus trabalhos acadêmicos.)

    Karnal vive seu dia de CHICO ALENCAR, o deputado do PSOL/RJ que beijou a mão de AÉCIO NEVES num jantar de RICARDO NOBLAT e nunca mais foi o mesmo…

    Celebridade do YouTube, colunista do Estadão, comentarista do Jornal da Cultura e palestrante, Karnal faz sucesso dando filosofia mastigada e ‘pílulas de sabedoria’, na linha inaugurada pelo suíço (radicado em Londres) ALAIN DE BOTTON.

    Explora um filão formado, basicamente, por gente que tem preguiça de ler. Ponto para ele.

    Juntamente com MÁRIO SÉRGIO CORTELLA e CLÓVIS DE BARROS, virou referência para um público progressista. Uma espécie de contrapartida a OLAVO DE CARVALHO, arquirrival do trio. Cultiva com carinho a careca lustrosa, marca registrada.

    Na morte de Dona Marisa, escreveu alguns parágrafos amplamente compartilhados. “Quando você não tiver uma palavra de conforto para quem perdeu a mãe ou a esposa, simplesmente, cale a boca. Sinto-me envergonhado por coisas que li na internet”, pontuou.

    Sobre a ‘nova direita brasileira’, citou BERTOLD BRECHT para lembrar que “a cadela do fascismo está sempre no cio, sugerindo a intervenção militar, dizendo que a mulher apanhou porque merecia, e estuprada porque foi leviana.” Etc e tal…

    Karnal não é bobo e sabe que o cidadão com quem dividiu aquela mesa é deus para os fascistas que ele denuncia. Basta entrar na comunidade da mulher de Moro para ver a galera. Estão todos lá, chamando-o de ‘comunista’. Podem virar seus fãs daqui em diante.

    A sabujice no tratamento a Moro e Furlan é abjeta (“amo ouvir gente inteligente”). A justificativa, tentando antecipar as críticas, é falaciosa (“o mundo não é linear”).

    A verdade está na última linha: “possibilidades de projetos em comum”. Leia-se: grana. Karnal sabe ganhar dinheiro. Viu em Moro mais uma fonte de renda. Um livro, talvez? Uma série de conferências? Shows? Vai de acordo com o freguês.

    Se você ficou decepcionado, pense no lado bom: KARNAL SAIU DO ARMÁRIO E NÃO ENGANA MAIS NINGUÉM.

    “O Leandro Karnal é um picareta intelectual que mistura ficção e realidade”, disse Carvalho. Desta vez, parece que Olavo tem razão.

    {Texto originalmente publicado na página DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO [DCM] sob o título ‘O beija-mão de Karnal em Moro abre novos negócios’ [11/03/17].}

  17. O pto de vista tem por base somente a foto postada no Face ou sabem o teor da conversa??? Ah… A foto diz mta coisa!!! Então tá.

  18. Também entristeci-me com a postagem do Karnal, mas este texto não é tão sutil assim. É direto reflexivo, e também de um certo rancor.

  19. Anna, PARABÉNS também sou historiador e gostaria muito de ter tido a capacidade de montar um raciocínio tão lógico, crítico e educado como o seu. Parabéns

  20. Sempre lúcida. Muito bom mesmo.

    “A indignação de uma centena de meus amigos de Facebook não ameaça seu lugar na UNICAMP e muito menos vai se refletir em um prejuízo para sua obra no mercado editorial ou na procura por suas palestras, verdade seja dita. Meu medo é dos que vão passar a lhe elogiar a partir dessa foto.”

  21. aldo Nascimento
    março 12, 2017 às 3:45 am #
    Esta senhora se diz comunista. Mas, desfruta da liberdade de se expressar e opinar, coisa que jamais teria em tal regime. Rotula de proto-fascistas (?!) os admiradores de um juiz que apenas exerce a sua profissão, com dignidade e competência. Fataram os jargões de sempre, com vômitos de mortadela: “golpistas, não passarao!”; “fora, Temer!”. A Sra é incrível, na sua obviedade.

    Ao Ler a excelente carta aberta, criticando “Karnal” e a fota com Sergio Moro, no sentido de promover seu livro, acabei tambem por ler os comentários, muitos elogiosos e concordantes, o que não nego e concordo, mas deparei com o texto acima de Aldo Nascimento de 12/03/2017 às 3:45 am, horario que tambem gosto de escrever, e tambem gostava o grande padre Nordestino cujo nome agora me foge ao conhecimento, não pude deixar de copiar o texto de Aldo e suas afirmativas claras. A liberdade de expressão, não se dá em pais comunista, isto nunca se deu, pouco sei de comunisco, até por que o pouco que tendo entender acabo por não entender como alguem pode defender tal regime de capitalismo de estado, onde todos ficam sem nada, para que alguns tome conta de tudo, e mantenha todos sobre seu manto, e nada seja realmente produtivo de forma a acrescentar a possibilidade de enriquecimento pessoal pelo que cada um produz. Assim apesar de concordar com os demais que o texto é de ótima expressão, tenho que aceitar a critica de Aldo para concordar tambem com o mesmo.

  22. Muito legal o texto! Não sou historiadora, não conheço o trabalho do cara em questão, vi um ou dois vídeos e não fiz questão de saber mais sobre ele. Mas, ao ler os comentários, percebi que há uma baita fogueira de vaidades que consome os dois indivíduos: K & M. Seriam eles os dois lados da moeda?

  23. Você tocou no ponto nevrálgico, Anna: Karnal escolheu um lado, deixando de navegar nas alturas, acima do bem e do mal. Aliás, não se admite que nenhum brasileiro deixe de posicionar-se, diante do assalto ao Poder, que ocorre no Brasil, especialmente aos homens de pensamento. Infelizmente, ele preferiu postar-se ao lado do “braço do golpe” – o juiz Moro. A História terá para ele, lugar adequado a esse desatino.

  24. Em tempos de beija mão, sempre teremos novidades.
    Um dia é Chico, no outro Karnak. Agora esperar o próximo.

  25. “Meu medo é dos que vão passar a lhe elogiar a partir dessa foto.”
    Esse é o risco no atual contexto de “polarização”, como ressaltou o próprio Leandro Karnal no seu Facebook, Ali ele escreve que o “momento brasileiro é estranho e há uma vontade nacional de crucificar”. Mas o risco maior é a invenção de heróis e deuses.

    Boa noite, Anna! Abraços.

    • Jantar em lugar público, postar a foto na rede social, alabar o conviva, dizer que tem projetos com ele, que muita gente não vai entender, justificando porque o mundo não é linear, não é tomar partido? Estar em cima do muro com a popularidade angariada nas redes sociais é estar cômodo para avaliar as ofertas. Para quem está se ofertando o melhor que faz é pender para o lado direito do muro que é o lado que mais pode oferecer. Dentro deste ponto de vista ele tomou a decisão certa para continuar polindo seu ego e recebendo mais grana por isso….

  26. Prezada Ana, concordo com você não é bom fazer escarnio de quem consegue brilhar na academia, na educação. Mas quando o setor da educação, com vaidade ou sem esta, é históricamente dos mais castigados. Veremos os desdobramentos futuros desta confusa “aproximação” retratada, para o publico e quem sabe para os ideias que defende o professor Karnal. Mas antes de tudo eu a queria parabenizar, pela excelente redação e aguçados argumentos. Amei! Mesmo a senhora oficialmente possa não ser parte da docência eu como professora lhe expresso minha gratidão pela maravilhosa lição de uma límpida escrita. Foi um deleite!

  27. Karnal pode ter apagado a foto do Face mas não terá mais o respeito que possuía por ele. O cristal, antes valioso, perdeu o seu valor por ter, agora, uma rachadura.

  28. Ana, você além de historiadora, ou professora como se intitula, se saiu excelente cronista do nosso temo. Que facilidade de expressão típica dos grandes escritores! Texto excelente! Siga por este caminho daqui em diante!

  29. Estou aguardando ansioso, considerando que nessa “KARTA” aberta, o “”KORTE” só “KORTA” para o mesmo lado. Se a proposta era uma discussão interna do PT, eu entrei na porta errada.

    • Eu não entendi o seu comentário. 🙂 Que eu saiba o Karnal jamais foi ou pretendeu ser petista, e eu muito menos. Minha crítica, assim como este blog, refere-se à nossa historicidade, à temporalidade que nos cerca e à impossibilidade de defender a neutralidade no campo da historiografia e da vida real. 🙂 Há meia dúzia de malucos aqui nos comentários falando sem parar sobre o PT como se isso tivesse qualquer relação com o texto e isso me deixa pensando se as pessoas sabem ler ou só inferem o que desejam. 😦

  30. Nada como usar cada palavra em seu devido lugar. Linda esta carta. Leve, correta, profunda, intelectual e compromissada.

  31. QUE COISA FEIA, POSTEI AQUI CONTA A TAL CARTA ABERTA E NÃO ME RESPONDERAM. TRATAVA-SE APENAS DE UM APOIO AO PT.

    • Eu não sei qual é a relação que você vê entre o PT e esta carta, me parece uma perda de tempo responder para pessoas que não querem pensar. Mas já que era uma resposta que você queria, aqui está. Eu toco este blog sozinha e normalmente apenas poucas pessoas acompanham e comentam. A carta recebeu mais de 60 comentários e eu não tive tempo de ler ou de responder a todos. Alguns eram afirmações que não precisavam de respostas e dois fui obrigada a jogar no lixo porque ofendiam o próprio Karnal. Mas eu já não entro em polêmicas com pessoas que agridem em maiúsculas e não se dão ao trabalho de ler e interpretar o que está escrito. A carta ao Karnal é um diálogo entre historiadores e é sobre historicidade, temporalidade e neutralidade. Nada ali se refere ao PT e somente um leitor preguiçoso ou preconceituoso poderia fazer essa ligação. Sei que esta resposta não vai satisfazer você e nem a meia dúzia de desocupados que veio vociferar bobagens no post, mas é a única que tenho.

  32. É um prazer ler sua carta, em tempos de desqualificação da inteligencia e de uma sombra obscurantista que teima em zombar de nossas esperanças, sua postura é a confirmação de que a realidade pode e deve aspirar à justiça, ao conhecimento, à possibilidade de outros momentos lastreados na ideia de civilidade. Muito obrigado!!!

  33. Li atentamente a Carta ao “colega Karnal” e na leitura dos comentários, abaixo, me dei conta do fato a que se referia.
    Um texto muito bem articulado, coloquial, com clareza de ideias que merece ser lido e apreciado.
    Tomara tenha merecido lê-lo o professor Karnal.
    Cheguei aqui depois de assistir “interlocuções” no YouTube. Uma empreitada para nós clarear, a partir da leitura de Christopher Hill, a atual conjuntura em que o neo “pentencostismo” traz-nos novos fenômenos e desafios para interpretarmos e nos posicionarmos.
    Aprecio sobremaneira o seu trabalho professora Anna, uma intelectual de rara qualidade que se coloca a serviço do conhecimento com todo a sua bagagem de conhecimento, conforme acompanho, adquirido com dificuldade.
    Sou um fã, admirador, que conclui que vale a pena acreditar pois no mundo há quem faça valer a pena.

    • Obrigada por seu comentário 🙂 Esse é um texto de dois anos atrás e creio que aquela foto foi uma ingenuidade por parte do professor Karnal, que perdeu destaque desde então. O que é triste porque precisamos de referências perante a sociedade. Nem vou entrar muito no mérito de que o tempo provou que o tal juiz não valia nada mesmo. O nosso país é que saiu perdendo. 😦

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